Editorial

O exemplo de Vini Jr

"Não sou vítima de racismo. Eu sou algoz de racistas.", afirmou Vinícius Jr. ontem, após a primeira condenação por racismo proferido em estádio de futebol na Espanha. Três espanhóis foram identificados ofendendo o brasileiro, e agora passarão oito meses na prisão. Infelizmente, o caso não é isolado e se tornou parte da rotina do jovem de apenas 23 anos. Destaca-se, no entanto, o fato dele jamais ter baixado a cabeça e ido para a luta. Se dentro de campo Vinícius Jr. será muito provavelmente eleito o melhor jogador do mundo, com merecimento, fora de campo ele já é um cidadão consagrado por matar no peito uma briga milenar e ir adiante.

Por muito tempo, o racismo e outras ofensas no esporte foram levados como folclore. Para muitos, até hoje é. Coisa do campo de jogo, em uma espécie de vale tudo para desestabilizar o adversário. Houve quem relativizasse os casos pelo estilo provocativo do garoto em campo. Houve quem dissesse que ele "procurava". Até a própria imprensa espanhola, em muitos momentos, foi racista com o garoto em uma tentativa de reduzir as ofensas para uma escala apenas competitiva. No entanto, mesmo com tão pouca idade, Vini Jr. fez o que muitos nunca fizeram e comprou a briga. Um ato corajoso, considerando o histórico da questão. Uma briga em que basicamente só um lado sofre e morre, desde que o mundo é mundo.

O esporte é um motor da sociedade e ver atletas comprando pautas exemplares é alentador após vermos uma geração muito recente de jogadores brasileiros, que carregam egos inflados e agem como subcelebridades nos bastidores, com uma postura como se fossem cidadãos superiores. Jogadores, no entanto, são constantemente usados de espelho por jovens e é fundamental que tenham ações positivas e assertivas, como vem fazendo Vinícius. Em meio a tudo isso, o desempenho em campo dele ainda só melhora. Dois troféus da Champions League, a Bola de Ouro a caminho e a certeza de que será "o cara" da Seleção Brasileira por muitos anos.

Fora as questões esportivas, no entanto, é urgente que a sociedade siga engajando não apenas em não ser racista, mas em agir contra o racismo. Em constranger quem ainda acha que cabe fazer comentário, sérios ou jocosos, sobre raça. Não é folclore, não é aceitável e é trabalho de todo mundo, o tempo inteiro, atuar em prol da igualdade. Só assim será possível evoluir como sociedade.


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